domingo, 30 de dezembro de 2012

Taça de Cristal


Chegou
No momento exato
Que eu estava em busca de respostas
Qual é o sentido da vida
Qual é a magia do por do sol
qual a necessidade do amanhã

Chegou
Assim meio bagunçado
Sem achar o canto certo
Sem pensar na força correta
Sem pedir licença

Chegou
E foi levando meu equilíbrio
Levou minha vida
Levou minhas incertezas
Levou minha sanidade

Chegou
Trazendo alegria
O seu sorriso bastava
A sua sabedoria preenchia o vazio
A sua voz era a música

Chegou
E começou a fazer falta
O pouco que me dava não era o suficiente
O muito que desejava não era preenchido
O vazio que preencheu começou a surgir novamente

Chegou
Assim tão intenso
Com ares de esperança
Com ares de paz
Com ares de amor

Chegou
E trouxe a noite
A neblina
O escuridão das noites na taverna
A bebida
A solidão
E o vazio.

E agora na hora da partida
Só fica a lembrança
Da esperança
Do beijo que não houve
Do amor que não foi real
Só resta o vazio.
Texto: Eli Antonelli - 2007

Pare o mundo. Alguém quer descer!


Decidiu hoje
Fugir
De todos, de tudo, do mundo
Não sabia aonde ir
Apenas pegou a mochila
Duas peças de roupa, a escova de dente e o único dinheiro que tinha

Parou na estrada
Olhar no horizonte
Esperança no peito
Deixava para trás seu mundo.

Em sua mente
Não havia solução
E perdido dentro do olho do furacão
Fugia

Sem rumo
Sem destino
Simplesmente fugia

Um carro para
“Para onde?”
“Em frente” responde reticente
O destino é sua direção

A paisagem que o acompanha na janela
é a mistura de vento, poeira, mata, de vida.
É a imagem da transformação

Um novo mundo na próxima cidade
Não vai se apresentar como é
Quer construir um novo ser que grita dentro de si
Querendo nascer

Tudo deu errado
A esperança o engole
Fazendo-o acreditar, que na próxima parada, haverá uma nova chance.



O humor e linguagem de Guimarães Rosa




fonte da imagem http://ocontornodasombra.blogspot.com.br
“Serão os pajens da Virgem,
Ladeiam-na
Como círios de paz,
Colunas
Sem estorço.
Taciturnos
Eremitas do obscuro,
se absorvem.
Sua franqueza comum equilibra frêmitos e gestos
Circunstantes.
Os animais de boa-vontade”
(Guimarães Rosa)

Um mês após a morte de Guimarães Rosa a revista Realidade em dezembro de 1967, publicava os seus últimos poemas com temas focados no natal. Aos 59 anos, prestes a ser indicado ao prêmio Nobel o diplomata, médico mineiro deixou sua marcas na história da literatura brasileira.
O sertanejo e a discussão entre o bem e o mal eram alguns dos elementos presentes em seus enredos. Mas é a linguagem o traço fundamental que faz a literatura de Guimarães Rosa peculiar e excepcional.
O escritor era poliglota, falava mais de dez idiomas e dialetos. Clenir Bellezi de Oliveira em artigo para a revista Discutindo Literatura (13) enumera os componentes que constituíram essa linguagem: a incorporação do falar coloquial do sertanejo_ marcado principalmente, pela viagem do escritor em 1952 pelo sertão mineiro_ em que inspirou as expressões e ditos populares  presentes em suas obras; utilização de recursos poéticos; emprego de neologismos; utilização de diminutivos; emprego de aforismos, ou seja, conceitos como verdades absolutas; rupturas sintáticas, recorrência à silepse de número e contextos que transfere palavras usualmente de determinada classe gramatical para outra.
Esse estilo de Guimarães foi incorporado  primeiramente na novela “A hora e a vez de Augusto Matraga” de 1946. O texto faz parte da obra “Sagarana” que marcou o início da carreira do escritor.
O personagem principal Nhô Augusto é filho de um poderoso coronel, tem fama de brigão e não respeita as mulheres alheias. Com a morte do pai, se perde em dívidas o que acaba fazendo com que seja abandonado pela família. Antes de ir atrás da esposa, resolve enfrentar o major Consilva, que passa a mandar no vilarejo, Nhô Augusto toma uma surra que quase o leva à morte. Na segunda parte da narrativa, Nhô Augusto vive num lugarejo distante e passa a se ligar mais em Deus e repensar sua vida e seus crimes. Na terceira parte retorna a cidade, momento final da narrativa em que é convidado a fazer parte do bando deJoãozinho Bem-Bem.
Alguns leitores se posicionam meio incrédulos a presença de humor no texto de Guimarães Rosa, devido a fama de extensa presença de neologismos e leitura de difícil compreensão. Walnice Nogueira Galvão no artigo “O humor de Guimarães Rosa” afirma que essa crença é um engano “Não só o humor reponta por toda obra de Rosa, aqui e ali, mesmo em meio à gravidade e à melancolia. Mas há também narrativas inteiramente burlescas ou sátiras, do começo ao fim”.
Em “A Hora e a Vez de Augusto Matraga” o narrador utiliza a mesma linguagem do sertanejo o que traz um mesmo ritmo em toda a obra. No ápice da estória pode-se observar este ritmo e linguagem tão característicos de Guimarães Rosa“_Epa!Nomopadrofilhospritossantamein! Avança, cambada de filhos-da-mãe, que chegou minha vez”.../E a casa matraqueou que nem panela de assar pipocas, escurecida à fumaça dos tiros, com os cabras saltando e miando de maracajás, e Nhô Augusto gritando qual um demônio preso e pulando como dez demônios soltos.”
O humor e a fala característica pode ser conferido em vários trechos “Eh, Seu Joãozinho Bem Bem,  já bateu com o rabo na cerca. Não tem mais”, são falas ligeiras um tanto melancólicas como afirma Galvão que reforçam o humor presente na obra.

Eli Antonelli, publicado grupo POSITIVO. jornal 

Crença e ateísmo




Aceitar a vida de forma racional é a grande dificuldade para entender o que é o ateísmo. A palavra vem do grego “a-“ de ausência e de “theos” divindade. De um lado os ateus alegam que vivem em busca de respostas. Do outro, há os religiosos que aceitam determinadas situações pela força da fé.
 No passado, as pessoas que tentavam explicar a vida pela ciência eram condenadas e assassinadas. Atualmente, assumir-se ateu, muitas vezes, pode ser um risco de sofrer certa hostilidade, pois muitas pessoas vêem os ateus como pessoas imorais.
fonte imagem / blog http://retalhosdeexistencia.wordpress.com

 O site “Ateísmo.Net” traz a informação de que 21% da população mundial atualmente é composta por ateus. O ateísmo, segundo o site, é a negação ou a falta da crença na existência de deus ou deuses. Como conseqüência, há os questionamentos sobre ética imposta e o destino passa a ser responsabilidade dos indivíduos e não de pré-destinação. Outro ponto destacado é a visão diante da morte, diferente dos religiosos que colocam a morte como uma passagem para o purgatório e o céu (católicos) ou a passagem para uma nova vida (espíritas), por exemplo, no caso dos ateus a morte significa o fim de um indivíduo.
Ao longo dos anos muitas pessoas influentes assumiram sua condição de ateus, mesclando suas ideias em suas obras. Entre estes temos na música o cantor Caetano Veloso, o líder do Pink Floyd David Gilmour, o líder da banda Óasis Noel Gallagher Alguns exemplos na literatura, João Cabral de Melo Neto, Graciliano Ramos, Monteiro Lobato, Álvares de Azevedo, George Orwell, Ernest Hemingway, James Joyce. E outros como Friedrich Nietzsche, Auguste Comte, Karl Marx, Diderot.
O médico Draysio Varella é alvo constante em palestras sobre sua espiritualidade. Ateu assumido, o médico afirma que luta pela tolerância ao direito de ser ateu. Em março de 2009, em uma de suas palestras, afirmou que respeita as religiões e que espera o mesmo respeito. Para ele a explicação do surgimento da vida pelo acaso, evoluindo pela competição e seleção natural, passando pelo desenvolvimento do homem a partir do fim dos dinossauros é muito mais encantador do que a visão religiosa do início da vida no Planeta com base na religião.
A curiosidade pela força da religiosidade já é tema de pesquisas cientificas. A revista “Viver Mente Cérebro” (168) apresenta uma reportagem discutindo O gene de Deus. Segundo a qual as razões da espiritualidade podem estar inscritas no código genético. Os neurocientistas como Mario Bearegard e Vilayanur Ramachandaran estão estudando a fé.
 Chamados de neuroteologos fazem pesquisas com pessoas de elevada crença, como freiras e religiosos indianos para entender como se comportam o cérebro dessas pessoas em momentos de oração. Ramchandaram vai mais longe e tenta entender também os ateus, por que alguns sentem o chamado divino mais facilmente enquanto outros são completamente surdos é o questionamento que faz. Uma de suas hipóteses é de que sentimentos espirituais profundos seriam somente frutos de uma descarga de neurotransmissores cerebrais os mesmos que regulam os estados de ânimo. Outro fato apontado pelos cientistas é a existência de deus estar relacionada ao medo da morte. Deus segundo a reportagem teria a função de suavizar a angústia diante da morte.
Independente das escolhas, das crenças de cada um é importante sempre frisar a necessidade do respeito e a tolerância numa sociedade civilizada. Ser ateu é simplesmente exercer o seu direito de liberdade. Enquanto a religiosidade também deve ter o mesmo respeito. Crer em Deus e se sentir bem pela paz que a fé traz ou continuar o seu caminho cético é um direito de cada individuo que merece ser respeitado.

Frases:
‘A religião é o ópio do povo” Karl Marx

“O cristão comum é uma figura deplorável, um ser que não sabe contar até três, e que, justamente por sua incapacidade mental, não mereceria ser punido tão duramente quanto promete o cristianismo” Nietzche]

“A religião é vista pelos pessoas comuns como verdadeiras, pelos inteligentes como falsa e pelos governantes como úteis.” Seneca

texto publicado jornal Grupo Positivo /Eli Antonelli

Você é o que é ou o que os outros querem que você seja?


Qual a sua fala?

Segura dentro das convenções
me impeço de ser insana
Minha alma em ebulição grita
pede manifestações de sentimentos transparentes
sem fugas, sem máscaras
ações voltadas com minhas imperfeições
agir de acordo com processos internos escondidos

Corro as ruas da estrada deserta da vida

nem percebo que estou só
todos estamos
pensamentos tentando em vão se encaixar na realidade insossa
Falo palavras que não estão dentro de mim
dirijo sorrisos equivocados
os passos seguem as regras de conduta
a sociedade impõe
o certo, o errado
a hora, a forma
não tropeço
Temo reações do outro
que também age conforme o ditado da cartilha da vida
“Não fale o que o que você pensa que os outros podem pensar que não seja correto você pensar”

Reaja conforme o padrão estabelecido
Durante a caminhada paro em frente ao sanatório municipal
Lá estão os internos... Loucos? Dementes? Perdidos em si?
Serão eles?


texto: Eli Antonelli/ 2008

sábado, 29 de dezembro de 2012

Histórias de Carnaval

 João do Rio
Charge: J. Carlos
Revista Careta: 1910
"Vem chegando o verão, um calor no coração. Esta magia colorida. São coisas da vida.... "(música Uma noite e meia de Marina Lima)

E o verão já chegou no Brasil. As temperaturas permanecem altas em boa parte do país. Gerando uma corrida frenética pelo litoral brasileiro e suas paisagens magnificas.

Fica o convite para nossos leitores dos EUA, Alemanha, Chile e Portugal, que tem nos acompanhado. Venham conhecer nossas maravilhas e nossa alegria.

Rio de Janeiro


Mas, se o verão chegou, em breve já começamos com a bela festa de carnaval. Na maioria das cidades os foliões já estão atentos para participarem dos desfiles, carnaval de rua, blocos.



Mas, para quem já quer entrar no clima no ritmo de Café Sabor Leituras, fica a dica deste belo conto de um especialista na arte da literatura João do Rio   - João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto, (Rio de Janeiro, 5 de agosto de 1881 — 23 de junho de 1921).


O jornalista que desempenhou brilhantemente seu trabalho no inicio do século passado, ousou mesclar a literatura e o jornalismo pela primeira vez por aqui. Em 1910, João do Rio integrou a a Academia Brasileira de Letras. 


Confira abaixo o conto na íntegra:

O bebê de tartalatana rosa - (disponível na coletância OS CEM MELHORES CONTOS BRASILEIROS DO SÉCULO) - Editora Objetiva - seleção Italo Moriconi 



O BEBÊ DE TARLATANA ROSA
João do Rio

- Oh! uma história de máscaras! quem não a tem na sua vida? O carnaval só é interessante porque nos dá essa sensação de angustioso imprevisto... Francamente. Toda a gente tem a sua história de carnaval, deliciosa ou macabra, álgida ou cheia de luxúrias atrozes. Um carnaval sem aventuras não é carnaval. Eu mesmo este ano tive uma aventura...

E Heitor de Alencar esticava-se preguiçosamente no divã, gozando a nossa curiosidade.
Havia no gabinete o barão Belfort, Anatólio de Azambuja de que as mulheres tinham tanta implicância, Maria de Flor, a extravagante boêmia, e todos ardiam por saber a aventura de Heitor. O silêncio tombou expectante. Heitor, fumando um gianaclis autêntico, parecia absorto.

- É uma aventura alegre? indagou Maria.
- Conforme os temperamentos.
- Suja?
- Pavorosa ao menos.
- De dia?
- Não. Pela madrugada.
- Mas, homem de Deus, conta! suplicava Anatólio. Olha que está adoecendo a Maria.
Heitor puxou um largo trago à cigarreta.
- Não há quem não saia no Carnaval disposto no excesso, disposto aos transportes da carne e às maiores extravagâncias. O desejo, quase doentio é como incutido, infiltrado pelo ambiente. Tudo respira luxúria, tudo tem da ânsia e do espasmo, e nesses quatro dias paranóicos, de pulos, de guinchos, de confianças ilimitadas, tudo é possível. Não há quem se contente com uma...
- Nem com um, atalhou Anatólio.
- Os sorrisos são ofertas, os olhos suplicam, as gargalhadas passam como arrepios de urtiga pelo ar. É possível que muita gente consiga ser indiferente. Eu sinto tudo isso. E saindo, à noite, para a pornéia da cidade, saio como na Fenícia saíam os navegadores para a procissão da Primavera, ou os alexandrinos para a noite de Afrodita.
- Muito bonito! ciciou Maria de Flor.

- Está claro que este ano organizei uma partida com quatro ou cinco atrizes e quatro ou cinco companheiros. Não me sentia com coragem de ficar só como um trapo no vagalhão de volúpia e de prazer da cidade. O grupo era o meu salva-vidas. No primeiro dia, no sábado, andávamos de automóvel a percorrer os bailes. Íamos indistintamente beber champagne aos clubes de jogo que anunciavam bailes e aos maxixes mais ordinários. Era divertidíssimo e ao quinto clube estávamos de todo excitados. Foi quando lembrei uma visita ao baile público do Recreio. - "Nossa Senhora! disse a primeira estrela de revistas, que ia conosco. Mas é horrível! Gente ordinária, marinheiros à paisana, fúfias do pedaços mais esconsos da rua de S. Jorge, um cheiro atroz, rolos constantes..." - Que tem isso? Não vamos juntos?"
Com efeito. Íamos juntos e fantasiadas as mulheres. Não havia o que temer e a gente conseguia realizar o maior desejo: acanalhar-se, enlamear-se bem. Naturalmente fomos e era desolação com pretas beiçudas e desdentadas esparrimando belbutinas fedorentas pelo estrado da banda militar, todo o pessoal de azeiteiros das ruelas lôbregas e essas estranhas figuras de larvas diabólicas, de íncubos em frascos de álcool, que têm as perdidas de certas ruas, moças, mas com os traços como amassados e todas pálidas, pálidas feitas de pasta de mata-borrão e de papel-arroz. Não havia nada de novo. Apenas, como o grupo parara diante dos dançarinos, eu senti que se roçava em mim, gordinho e apetecível, um bebê de tarlatana rosa. Olhei-lhe as pernas de meia curta. Bonitas. Verifiquei os braços, o caído das espáduas, a curva do seio. Bem agradável. 

Quanto ao rosto era um rostinho atrevido, com dois olhos perversos e uma boca polpuda como se ofertando. Só postiço trazia o nariz, um nariz tão bem-feito, tão acertado, que foi preciso observar para verificá-lo falso. Não tive dúvida. Passei a mão e preguei-lhe um beliscão. O bebê caiu mais e disse num suspiro: - ai que dói! Estão vocês a ver que eu fiquei imediatamente disposto a fugir do grupo. Mas comigo iam cinco ou seis damas elegantes capazes de se debochar mas de não perdoar os excessos alheios, e era sem linha correr assim, abandonando-as, atrás de uma freqüentadora dos bailes do Recreio. Voltamos para os automóveis e fomos cear no clube mais chic e mais secante da cidade.
- E o bebê?
- O bebê ficou. Mas no domingo, em plena Avenida, indo eu ao lado do chauffeur; no burburinho colossal, senti um beliscão na perna e urna voz rouca dizer: "para pagar o de ontem". Olhei. Era o bebê rosa, sorrindo, com o nariz postiço, aquele nariz tão perfeito. Ainda tive tempo de indagar: aonde vais hoje?
- A toda parte! respondeu, perdendo-se num grupo tumultuoso.
- Estava perseguindo-te! comentou Maria de Flor.
- Talvez fosse um homem... soprou desconfiado o amável Anatólio.
- Não interrompam o Heitor! fez o barão, estendendo a mão.
Heitor acendeu outro gianaclis, ponta de ouro, continuou:
- Não o vi mais nessa noite e segunda-feira não o vi também. Na terça desliguei-me do grupo e cai no mar alto da depravação, só, com uma roupa leve por cima da pele e todos os maus instintos fustigados. De resto a cidade inteira estava assim. É o momento em que por trás das máscaras as meninas confessam paixões aos rapazes, é o instante em que as ligações mais secretas transparecem, em que a virgindade é dúbia e todos nós a achamos inútil, a honra uma caceteação, o bom senso uma fadiga. Nesse momento tudo é possível, os maiores absurdos, os maiores crimes; nesse momento há um riso que galvaniza os sentidos e o beijo se desata naturalmente.

Eu estava trepidante, com uma ânsia de acanalhar-me, quase mórbida. Nada de raparigas do galarim perfumadas e por demais conhecidas, nada do contato familiar, mas o deboche anônimo, o deboche ritual de chegar, pegar, acabar, continuar. Era ignóbil. Felizmente muita gente sofre do mesmo mal no carnaval.
- A quem o dizes!... suspirou Maria de Flor.
- Mas eu estava sem sorte, com a guigne, com o caiporismo dos defuntos índios. Era aproximar-me, era ver fugir a presa projetada. Depois de uma dessas caçadas pelas avenidas e pelas praças, embarafustei pelo S. Pedro, meti-me nas danças, rocei-me àquela gente em geral pouco limpa, insisti aqui, ali. Nada!
- É quando se fica mais nervoso!
- Exatamente. Fiquei nervoso até o fim do baile, vi sair toda gente, e saí mais desesperado. Eram três horas da manhã. O movimento das ruas abrandara. Os outros bailes já tinham acabado. As praças, horas antes incendiadas pelos projetores elétricos e as cambiantes enfumadas dos fogos de bengala, caiam em sombras - sombras cúmplices da madrugada urbana. E só, indicando a folia, a excitação da cidade, um ou outro carro arriado levando máscaras aos beijos ou alguma fantasia tilintando guizos pelas calçadas fofas de confete. Oh! a impressão enervante dessas figuras irreais na semi-sombra das horas mortas, roçando as calçadas, tilintando aqui, ali um som perdido de guizo! Parece qualquer coisa de impalpável, de vago, de enorme, emergindo da treva aos pedaços... E os dominós embuçados, as dançarinas amarfanhadas, a coleção indecisa dos máscaras de último instante arrastando-se extenuados! Dei para andar pelo largo do Rocio e ia caminhando para os lados da secretaria do interior, quando vi, parado, o bebê de tarlatana rosa.
Era ele! Senti palpitar-me o coração. Parei.
- "Os bons amigos sempre se encontram" disse.

O bebê sorriu sem dizer palavra. Estás esperando alguém? Fez um gesto com a cabeça que não. Enlacei-o. - Vens comigo? Onde? indagou a sua voz áspera e rouca. - Onde quiseres! Peguei-lhe nas mãos. Estavam úmidas mas eram bem tratadas. Procurei dar-lhe um beijo. Ela recuou. Os meus lábios tocaram apenas a ponta fria do seu nariz. Fiquei louco.
- Por pouco...
- Não era preciso mais no Carnaval, tanto mais quanto ela dizia com a sua voz arfante e lúbrica: - "Aqui não!" Passei-lhe o braço pela cintura e fomos andando sem dar palavra. Ela apoiava-se em mim, mas era quem dirigia o passeio e os seus olhos molhados pareciam fruir todo o bestial desejo que os meus diziam. Nessas fases do amor não se conversa. Não trocamos uma frase. Eu sentia a ritmia desordenada do meu coração e o sangue em desespero. Que mulher! Que vibração! Tínhamos voltado ao jardim. Diante da entrada que fica fronteira à rua Leopoldina, ela parou, hesitou. Depois arrastou-me, atravessou a praça, metemo-nos pela rua escura e sem luz. Ao fundo, o edifício das Belas-Artes era desolador e lúgubre. Apertei-a mais. 
Ela aconchegou-se mais. Como os seus olhos brilhavam! Atravessamos a rua Luís de Camões, ficamos bem embaixo das sombras espessas do Conservatório de Música. Era enorme o silêncio e o ambiente tinha uma cor vagamente ruça com a treva espancada um pouco pela luz dos combustores distantes. O meu bebê gordinho e rosa parecia um esquecimento do vicio naquela austeridade da noite. - Então, vamos? indaguei. - Para onde? - Para a tua casa. - Ah! não, em casa não podes... - 
Então por aí. - Entrar, sair, despir-me. Não sou disso! - Que queres tu, filha? É impossível ficar aqui na rua. Daqui a minutos passa a guarda. - Que tem? - Não é possível que nos julguem aqui para bom fim, na madrugada de cinzas. Depois, às quatro tens que tirar a máscara. - Que máscara? - O nariz. - Ah! sim! E sem mais dizer puxou-me. Abracei-a. Beijei-lhe os braços, beijei-lhe o colo, beijei-lhe o pescoço. Gulosamente a sua boca se oferecia. Em torno de nós o mundo era qualquer coisa de opaco e de indeciso. Sorvi-lhe o lábio.
Mas o meu nariz sentiu o contato do nariz postiço dela, um nariz com cheiro a resina, um nariz que fazia mal. - Tira o nariz! - Ela segredou: Não! não! custa tanto a colocar! Procurei não tocar no nariz tão frio naquela carne de chama.
O pedaço de papelão, porém, avultava, parecia crescer, e eu sentia um mal-estar curioso, um estado de inibição esquisito. - Que diabo! Não vás agora para casa com isso! Depois não te disfarça nada. - Disfarça sim! - Não! procurei-lhe nos cabelos o cordão. Não tinha. Mas abraçando-me, beijando-me, o bebê de tarlatana rosa parecia uma possessa tendo pressa. De novo os seus lábios aproximaram-se da minha boca. Entreguei-me. O nariz roçava o meu, o nariz que não era dela, o nariz de fantasia. Então, sem poder resistir, fui aproximando a mão, aproximando, enquanto com a esquerda a enlaçava mais, e de chofre agarrei o papelão, arranquei-o. Presa dos meus lábios, com dois olhos que a cólera e o pavor pareciam fundir, eu tinha uma cabeça estranha, uma cabeça sem nariz, com dois buracos sangrentos atulhados de algodão, uma cabeça que era alucinante - uma caveira com carne...

Despeguei-a, recuei num imenso vômito de mim mesmo. Todo eu tremia de horror, de nojo. O bebê de tarlatana rosa emborcara no chão com a caveira voltada para mim, num choro que lhe arregaçava o beiço mostrando singularmente abaixo do buraco do nariz os dentes alvos. - Perdoa! Perdoa! Não me batas. A culpa não é minha! Só no Carnaval é que eu posso gozar. Então, aproveito, ouviste? aproveito. Foste tu que quiseste...

Sacudi-a com fúria, pu-la de pé num safanão que a devia ter desarticulado. Uma vontade de cuspir, de lançar apertava-me a glote, e vinha-me o imperioso desejo de esmurrar aquele nariz, de quebrar aqueles dentes, de matar aquele atroz reverso da Luxúria... Mas um apito trilou. O guarda estava na esquina e olhava-nos, reparando naquela cena da semitreva. Que fazer? Levar a caveira ao posto policial? Dizer a todo o mundo que a beijara? Não resisti. Afastei-me, apressei o passo e ao chegar ao largo inconscientemente deitei a correr como um louco para a casa, os queixos batendo, ardendo em febre.
Quando parei à porta para tirar a chave, é que reparei que a minha mão direita apertava uma pasta oleosa e sangrenta. Era o nariz do bebê de tarlatana rosa...

Heitor de Alencar parou, com o cigarro entre os dedos, apagado. Maria de Flor mostrava uma contração de horror na face e o doce Anatólio parecia mal. O próprio narrador tinha a camarinhar-lhe a fronte gotas de suor. Houve um silêncio agoniento. Afinal o barão Belfort ergueu-se, tocou a campainha para que o criado trouxesse refrigerantes e resumiu:
- Uma aventura, meus amigos, uma bela aventura. Quem não tem do Carnaval a sua aventura? Esta é pelo menos empolgante.
E foi sentar-se ao piano.



Da tela do computador para às suas mãos

Da tela do computador para suas mãos em 2013. Café Sabor Leituras nasce da paixão de seus redatores pela literatura.. humm, ok e pelo café, é claro! Duas paixões que não tem como separar. E para isso, estamos a todo vapor produzindo a primeira edição do jornal impresso só para você.

Especialmente para nosso público mais apaixonado pela leitura.. Porque é você que irá ganhar uma missão, encantar seus amigos e familiares para que desenvolvam essa mesma magia que você já tem pela leitura. Bom, né?
Vamos dar todos os subsídios e apoios na sua missa. Fique calmo!! E calma!!

Por hora.. temos dois recadinhos do pessoal da redação.

1 - Atenção loucos pela escrita e apaixonados por produzir textos e mais textos. Nossa equipe está recebendo sugestões de textos até o dia 15/01/2013. Fique atento ao prazo. Você deverá enviar o texto de no máximo duas laudas, com seu nome e um mini perfil. Não esquecer de uma foto de meio corpo para que possamos divulgar o nosso futuro escritor (escritora). Vamos lá? Dedos na máquina de escrever (opa!!! Paixão por escritas à moda antiga à parte.. ) Manda ver.. nos textos. Vamos compartilhar paixões.

2 - O jornal Café Sabor Leituras é gratuito. E você poderá recebê-lo na sua casa. Então, mande seu endereço para contato@brasiscomunicacao.com.br. E boa leitura!!!

abraços

Redação
Café Sabor Leituras

Aroma de fazenda no ar.. quer sentir, também?

www.semmedida.com fonte da imagem
Café sabor Leituras.. entra em 2013 com a missão e levar ao seu público as melhores dicas de leitura.. e muito sorteio de obras deliciosas.. Mas, não só de leitura vive o homem e a mulher... né, pessoal? 

E não só a leitura.. é o foco do jornal Café sabor leituras.. mas, o cafezinho nosso de todo dia e todos seus acompanhamentos deliciosos.. E é por isso que hoje nós compartilharmos a doce receita do cozinheiro Gustavo Requeiral (www.http://chefaporter.com.br/)

Bolo de fubá – receita da avó do Chef à Porter

Coloque nas sua listinha de metas de 2013.. reproduzir esta delícia do chef, que tal? HEIN, não esqueça de convidar os redatores do Café Sabor Leitura.. uia.. que tal? E não esqueça das nossas paixões para acompanhar o.. bolo de fubá.. café, e a leitura.. de uma deliciosa obra.. literária à sua escolha


Ingredientes
2 xícarás de fubá
1 xícara de farinha de trigo
3 ovos
2 xícaras de açúcar
1 colher de chá de manteiga
1 colher de fermento
1 caixinha de creme de leite
1 caixinha de leite (mesma media do creme)
Erva doce a gosto

Preparo
Separe as claras das gemas. Bata as gemas com o açúcar e a manteiga por uns 15min. Depois acrescente o leite. Aos poucos vá colocando a farinha e o fubá. Coloque o creme de leite e bata por mais uns 15min. O segredo do bolo é bater bem. Coloque a erva doce. Bata as claras em neve e mistura delicadamente à mão. Por ultimo misture o fermento. Eu misturo ele com um pouquinho de leite morno antes em um recipiente a parte, antes de juntar à massa. Com isso você consegue testar a validade do fermento – se crescer no leite está bom – e diluir um pouco para facilitar a incorporação à massa. Asse inicialmente em forno alto (200 graus) pré-aqueciso, depois reduz o fogo (menos de 180 graus) por uns 40 min. Antes de titar faça o teste do palito, se ele sai limpo, está no ponto.

A magia que não acaba


DATAS LITERÁRIAS: Em 29 de dezembro de 1903, nascia Portinari, que morreu há 50 anos. 

"O alvo da minha pintura é o SENTIMENTO. Para mim, a técnica é meramente um meio. Porém, um meio indispensável".
 Portinari

Obra de Portinari, um dos maiores pintores do mundo 
O gênio dos pincéis Cândido Portinari marcou a história das artes plásticas como um dos mais importantes pintores do mundo. O menino da pequena cidade do interior de São Paulo, Brodowski teve uma educação deficiente. Mas, uma caravana italiana de restauradores de igreja mudou a trajetória do brasileiro. Recrutado como ajudante, Portinari teve o contato com a arte bem cedo. Aos 15 anos o jovem decide mudar-se para o Rio de Janeiro e passa a estudar na Escola de Belas Artes.
O lavrador de café 1939 – Cândido Portinari
Assim nascia o gênio, mais de 5mil peças elaboradas, sendo a mais importante “O Lavrador de Café”. O cubismo foi uma escola adotada por Portinari, suas peças traziam referencias desse estilo. Outras referências relevantes foram o surrealismo e os pintores muralistas mexicanos. Mesmo com todas esses estilos Portinari não afastou-se das tradições da pintura. Suas obras traziam as questões sociais sem confrontar o governo. Outra característica do artista foi a influência  da arte moderna europeia, sem com isso perder a admiração do público.

De toda beleza de sua obra um detalhe não passa despercebido a constante presença do mundo infantil, cores, desenhos a alegria da criança está inserida na sua arte.
Há 50 anos o mundo perdia um pouco a sua luz retratada nas imagens eternizadas nas obras de Portinari. O gênio se foi, mas seu trabalho inspira e seduz.
 Mestiço - 1934 - Óleo sobre tela - 81x61 cm

Cronologia 
Cronologia
1903 - Nasce em Brodósqui (Brodowski), perto de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, no dia 13 de dezembro, filho de imigrantes toscanos que trabalhavam na lavoura de café. Cândido teria dez irmãos - seis mulheres e quatro homens;
1914 - Cria sua primeira gravura, um retrato do compositor Carlos Gomes, em carvão, copiando a imagem de uma carteira de cigarros;
1919 - Matricula-se na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio. Em sérias dificuldades financeiras, Candinho chega a comer a gelatina química que recebe para misturar com as tintas;
1923 - Pinta "Baile na Roça", sua primeira tela de temática nacional. O quadro é recusado pelo salão oficial da Escola de Belas Artes, por fugir dos padrões acadêmicos da época;
1929 - Como prêmio do Salão Nacional de Belas Artes, que obteve com um retrato do amigo (poeta) Olegário Mariano, ganha uma bolsa de estudos em Paris. Ali, descobre Chagall, os muralistas mexicanos e sofre fortes influências do trabalho de Picasso;
1931 - Volta da França casado com a uruguaia Maria Victoria Martinelli;
1935 - Produz uma de suas obras mais famosas, "O Café" e inicia a que é considerada sua fase áurea (1935-1944);
1936 - Começa a dar aulas de pintura na Universidade do Distrito Federal;
1939 - Em 23 de janeiro nasce seu único filho, João Cândido. Cria três painéis para o pavilhão do Brasil na feira mundial de Nova York. Faz uma retrospectiva com 269 obras, no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio;
1940 - O Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) inaugura a exposição Portinari of Brazil
1942 - Cria painel para a Biblioteca do Congresso dos EUA;
1944 - Trabalha no polêmico altar da Igreja de São Francisco de Assis, em Belo Horizonte. Muito discutida pelos religiosos, tanto por suas formas arquitetônicas quanto pelo mural de São Francisco com o cachorro, a igreja só seria inaugurada em 1950;
1945 - Filia-se ao Partido Comunista Brasileiro e candidata-se a deputado federal. Não consegue eleger-se;
1946 - Termina a as obras da Igreja da Pampulha, em Belo Horizonte e faz o painel da sede da ONU, "Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse", com 10 por 14 metros. Expõe 84 obras em Paris. Candidata-se ao Senado pelo PCB, mas também não é eleito;
1950 - Representa o Brasil na Bienal de Veneza;
1953 - Inicia os painéis "Guerra" e "Paz", para a ONU, que terminaria em 1957;
1954 - Começa a manifestar sinais de envenenamento pelo chumbo contido nas tintas com que trabalha: sofre uma hemorragia intestinal e é internado;
1955-56 - Realiza 21 desenhos com lápis de cor para uma edição de Dom Quixote, de Cervantes. A técnica era uma alternativa tentada por Portinari para escapar à intoxicação pelas tintas;
1956 - Faz uma viagem a Israel, onde produz uma série de desenhos a caneta tinteiro;
1959 - Faz as ilustrações para uma edição francesa de "O Poder e a Glória", de Graham Greene;
1960 - Nasce sua neta Denise, e ele passa a pintar um quadro dela por mês, contrariando as recomendações médicas;
1962 - Morre no Rio de Janeiro, em 6 de fevereiro, em conseqüência da progressiva intoxicação. Na época preparava material para uma exposição no palácio Real de Milão;
(fonte cronologia : www.culturabrasil.pro.br)


sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

MEC divulga resultado do Enem 2012; estudantes podem disputar mais de 129 mil vagas em 101 universidades

28/12/2012 - 9h01

Heloisa Cristaldo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O Ministério da Educação (MEC) divulgou hoje (28) o resultado final do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2012. Os participantes podem acessar os resultados individuais, mediante inserção do número de inscrição e senha ou CPF e senha no site do Enem.
Com o resultado do exame, os candidatos poderão disputar 129.279 vagas, em 3.751 cursos superiores por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Na primeira edição de 2013, 101 instituições públicas de educação superior selecionarão estudantes por meio do sistema.
O aluno interessado em fazer uma consulta às vagas oferecidas pelo Sisu também pode entrar no portal da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). No sistema é possível checar as vagas oferecidas por estado, instituição ou curso.
As universidades têm autonomia e poderão optar entre quatro possibilidades de aproveitamento do exame como processo seletivo: como fase única, com o sistema de seleção unificada; como primeira fase; combinado com o vestibular da instituição; como fase única para as vagas remanescentes do vestibular.
Algumas instituições participantes do Sisu adotam pesos diferentes para as provas do Enem 2012. Dessa forma, quando o candidato se inscrever para curso em que a instituição adotou outros critérios para determinada prova do Enem 2012, o sistema fará automaticamente o cálculo, de acordo com as especificações da instituição, gerando uma nova nota, que será informada ao candidato.
De acordo com o MEC, é possível que o candidato tenha notas diferentes para cursos diferentes, já que as instituições participantes do Sisu podem atribuir pesos diferentes ou bônus nas provas do Enem 2012. Dessa forma, a nota do candidato pode variar de acordo com os parâmetros definidos pela instituição.
O processo seletivo do Sisu é feito em uma única etapa de inscrição e não terá vagas para cursos a distância. O candidato deve escolher até duas opções entre as vagas oferecidas pelas instituições.
O estudante interessado também deve definir se deseja concorrer às vagas de ampla concorrência, às vagas reservadas de acordo com a Lei de Cotas ou às vagas destinadas às demais políticas afirmativas das instituições.
Durante o período de inscrição, o candidato pode alterar suas opções. Será considerada válida a última inscrição confirmada. Ao final dessa etapa, o sistema seleciona automaticamente os candidatos mais bem classificados em cada curso, de acordo com as notas no Enem e eventuais ponderações (pesos atribuídos às notas ou bônus).
O processo seletivo terá duas chamadas. Caso a nota do candidato possibilite sua classificação em suas duas opções de vaga, ele será selecionado exclusivamente para a primeira opção.
O candidato que não conseguir nota para se matricular na primeira opção e for selecionado na segunda continuará concorrendo, na chamada seguinte, à primeira opção. Assim, se na chamada subsequente o candidato já matriculado na segunda opção for selecionado para a primeira (por desistência de candidatos selecionados, por exemplo), a matrícula na vaga da primeira opção implicará o cancelamento automático da matrícula efetuada anteriormente na segunda opção.
Depois das chamadas regulares do processo seletivo, o Sisu divulgará para as instituições participantes uma lista de espera, que será usada para preencher as vagas não ocupadas. Nesse caso, o candidato deve acessar o seu boletim, na página do sistema, e manifestar o interesse. Podem participar da lista, os candidatos não selecionados nas chamadas regulares e aqueles selecionados em sua segunda opção, independentemente de terem efetuado a matrícula.
A novidade deste ano está na oferta de vagas específicas para políticas de ações afirmativas no Sisu. Todas as universidades federais, institutos federais de educação, ciência e tecnologia e centros federais de educação tecnológica participantes do Sisu terão vagas reservadas para estudantes que cursaram o ensino médio em escolas públicas.
Dessa forma, durante as duas chamadas do Sisu, o candidato que optar por uma determinada modalidade de concorrência estará concorrendo apenas com os candidatos que tenham feito essa mesma opção. O sistema selecionará, dentre eles, os que tiveram as melhores notas no Enem de 2012.
O sistema também faculta às instituições distribuir bônus como forma de ação afirmativa. A instituição atribui uma “pontuação extra” (bônus), a ser acrescida à nota obtida no Enem pelo candidato. Nesses casos, o candidato beneficiado concorre com todos os demais inscritos em ampla concorrência.
Confira o cronograma do Sisu:
07/01 a 11/01 - Período de inscrições
14/01 - Resultado da primeira chamada
18/01 a 22/01 - Matrícula da primeira chamada
28/01 - Resultado da segunda chamada
28/01 a 08/02 - Prazo para participar da Lista de Espera
01/02 a 05/02 - Matrícula da segunda chamada
18/02 - Convocação dos candidatos em lista de espera pelas instituições

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Datas LITERÁRIAS: Morte de Olavo Bilac

28/12 -Era uma madrugada de sábado do ano de 1918, o poeta Olavo Bilac falecia. E o jornal daquele dia, O Estado de São Paulo, publicava uma extensa matéria sobre o poeta e jornalista. Bilac era um defensor do serviço militar, ele acredita que era uma forma de combater o analfabetismo.
Uma das figuras mais importantes do movimento parnasiano (movimento literário que tem como uma de suas características o respeito à forma). Trabalho em diversos jornais e revistas, tais como o Diário de Notícias.

Confira a matéria publicada no jornal. Clique na imagem

Via Lactea

Ora (direis) ouvir estrelas! Certo 
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto, 
Que, para ouvi-las, muita vez desperto 
E abro as janelas, pálido de espanto... 

E conversamos toda a noite, enquanto 
A Via Láctea, como um pálio aberto, 
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, 
Inda as procuro pelo céu deserto. 

Direis agora: "Tresloucado amigo! 
Que conversas com elas? Que sentido 
Tem o que dizem, quando estão contigo?" 

E eu vos direi: "Amai para entendê-las! 
Pois só quem ama pode ter ouvido 
Capaz de ouvir e entender estrelas"



  • Entre suas obras
  • Poesias, 1888
  • Via Láctea, 1888
  • Sarças de Fogo, 1888
  • Crônicas e Novelas, 1894
  • O Caçador de Esmeraldas, poesia,1902
  • As Viagens, poesia, 1902
  • Alma Inquieta, poesia, 1902
  • Poesias Infantis, 1904
  • Crítica e Fantasia, 1904
  • Tratado de Versificação, 1905
  • Conferências Literárias, 1906
  • Ironia e Piedade, crônicas, 1916
  • Tarde, poesia, 1919
  • Sanatorium, romance, 1977, publicado pelo Clube do Livro

Peça Namíbía! Não! Discute questão racial mesclando humor e drama



Duas apresentações de Nambía!Não este ano em Curitiba, bastaram para conquistar o público da cidade
O Festival de Teatro de Curitiba que ocorreu em março deste ano,  deixou um gostinho de quero mais, ao mostrar a peça Namíbia!Não, com texto de Aldri Anunciação e dirigida por Lázaro Ramos, que trata da questão racial mesclando humor e conversa séria.
E mais Aldri acaba de levar o prêmio do Portal R7 como melhor autor de teatro de 2012. O concurso realizado teve 100 mil votos de participação do grande público, durante 11 dias. Os nomes foram indicados pelo  jornalista e crítico Miguel Arcanjo Prado e o fotógrafo teatral Bob Sousa. Mas, quem escolheu mesmo foi o público.

Aldri, fotógrafo Leandro,  Alessandra (assessora), Itamar (fotógrafo), Eli, Flávio e Marco (fotógrafo)

A peça
Com um cenário todo branco, os dois personagens Antonio e André, vividos por Aldri e o consagrado ator Flávio Bauraqui estão diante de um grande problema: Em 2016, uma medida provisória que estabelece que toda a população negra, pessoas de melanina acentuada, como relata o texto, devem voltar à África.
Para quem perdeu a peça, não pode deixar de ler o livro “Namíbia!Não” de Aldri Anunciação, disponível nas melhores livrarias. A obra traz os diálogos da peça, com inclusão de 4 cenas que não estão na apresentação.
foto Itamar Crispim

Em pleno século XXI, ocorre a diáspora vivida pelo povo africano do Brasil escravocrata. A medida é uma ação de reparação social aos danos causados pela União E aí vem toda uma discussão: como as pessoas poderiam identificar qual país está sua origem? Como deixar sua pátria? A língua oficial da Namíbia é o alemão? E como explicar os impactos da colonização europeia na África. A peça traz reflexão sobre a fome na África e inúmeros outros questionamentos se colocam. E no meio de humor e drama, o público se vê diante de questões que levam à reflexão direta sobre o racismo e a importante contribuição da população negra na formação do país.  Em uma determinada cena, os personagens começam a pontuar o que seria do Brasil sem as várias  personalidades negras do Brasil.
O cenário é assinado por Rodrigo Frota. Traz uma alusão numa sociedade  que insiste na valorização  uma hegemonia supostamente branca. Todos os elementos que compõem o cenário são brancos, paredes, móveis, um tabuleiro de xadrez com todas as peças da mesma cor e até mesmo  o chá, servido numa determinada cena.
capa do livro

Outros elementos chamam a atenção, Bauraqui pontua a dinâmica da peça no texto e na condução da direção de Lazaro Ramos “Ele trouxe elementos do cinema  e conduz as cenas de forma muito dinâmica”, diz. O público vê não simplesmente  um palco plano e sim um espaço que dialogo com uma externa em que mescla telões com vídeos e janelas ao fundo, onde os atores encenam conversas com supostos moradores, e se comunicam com os demais personagens. Entre esses é possível identificar vídeo e sonora de atores como Wagner Moura e Luis Miranda que conta que ao se deparar com o texto de Aldri, gostou do aspecto da ironia proposta “O tema nos propõe a discussão sobre a contribuição que a população negra deu na construção do nosso país. Os índios viviam aqui, mas convivam com a natureza harmonicamente. A construção do Brasil teve muito  sangue e suor do povo negro, também.”, reflete.
A neve surreal que se vê uma determinada cena remete ao período que Aldri escreveu a peça, quando fazia estágio na Áustria com direção de assistência de Operas. Desta experiência, ele assimilou também, a tensão do texto e faz uma correlação com as relações humanas no país  “Comparo Namíbia, não com uma opera de Giacomo Puccini quando entram todos os instrumentos vão subindo, então entra um sobrano com uma voz fininha e quando sai, desce numa agonia que remeto a dramaturgia. É mais ou menos como um avião tem toda uma turbulência, neste momento alguns tremem choram e assim vai até lá em cima e começa a acalmar. Até se estabilizar e aterrissar, há uma forte porrada e aí termina”, compara.
O livro tem a mesma dinâmica da peça e vale a pena ler. Fazendo certo mistério, durante uma coletiva de imprensa, Flavio e Aldri entregaram que vem novidade por aí. Questionados sobre a possibilidade de fazer um filme caíram numa gostosa gargalhada, dizendo “agora já era, vamos falar. Existem planos, sim”.
É esperar para conferir, o sucesso dos palcos e do livro em breve nas telonas.

texto baseado em coluna de Eli Antonelli/Folha Santa Felicidade/jornal