domingo, 23 de dezembro de 2012

Best-Sellers da moda versus os Clássicos



Leitores assíduos de best-sellers do momento como: “Marley e eu” e “O caçador de pipas” tendem a desenvolver a síndrome de aversão às obras clássicas.  Alegam que os clássicos são indigestos. Texto rebuscado, com verbetes desatualizados, leitura complicada e arcaíca. Dizem que há exagero nas descrições de locais e de objetos, escritos antes da invenção da tecnologia da imagem, os escritores esmiuçavam as descrições, tornando o texto enfadonho. Fatores que caracterizavam o estilo da época, normas estéticas diferentes da atualidade.

Alguns desses leitores dizem que nos clássicos há ainda uma intromissão excessiva no fluxo psicológico com conseqüente acesso aos sentimentos e reações dos personagens.
 Certamente os leitores que sofrem da síndrome, nunca leram Ernest Hemingway. O escritor americano foi um dos maiores do século XX. Autor de 16 obras importantes marcou a história literária com “Morte ao Entardecer”, “Por que os sinos dobram”,  “Adeus as Armas” e  “O sol também se levanta”.

Hemingway teve uma vida bastante atribulada suicídio do pai, divorcio, a 1ª guerra mundial e a exemplo do pai, acabou se suicidando em 1961. Alguns críticos defendem que uma vida trágica contribui para a criação de grandes obras, difícil analisar, porém, é possível identificar nas obras de Hemingway muitos situações vividas por ele. Sua obra, porém, permanece imortal.
Uma indicação aos que sofrem da síndrome de aversão aos clássicos é a leitura de “Adeus às armas” publicado em 1929. Trata-se de um romance entre uma enfermeira e um motorista de ambulância durante a I guerra mundial. Eles buscam um lugar onde será possível o amor sobreviver à presença constante da destruição e morte.
A dinâmica da narração é uma marca do escritor. Em “Adeus às armas” ela se dá por diversos fatores como inexistência das descrições psicológicas. É como uma obra aberta, afinal, o leitor pode analisar o que se passa na mente dos personagens acompanhando os fatos e diálogos. Semelhante a um filme, tamanha perfeição da movimentação dos acontecimentos. Hemingway é direto nas descrições das cenas, não faz voltas em cima dos fatos. Não há histórias paralelas e o texto é escrito em primeira pessoa com foco num único personagem.

 Outro fator que é enriquecedor nas obras clássicas é o contexto histórico. Ir em busca do momento histórico em que a obra foi produzida, faz com que o leitor entre numa máquina do tempo. Ele pode sentir como o escritor viveu os acontecimentos à sua volta. E isso é possível em “Adeus às Armas”. Hemingway viveu a I Guerra Mundial, foi ferido em combate e acabou se apaixonando por uma enfermeira. Mas, diferente do livro, seu amor não foi correspondido. Em “Adeus às Armas” os personagens vivem um amor pleno que nos faz desejar protegê-los e guia-los a um lugar seguro. A obra prende e nos faz sonhar e repensar nossos conceitos de vida. “Adeus às Armas” é tão intenso que é capaz de seduzir até mesmo os leitores fascinados unicamente por best-sellers da moda.

Eli Antonelli - texto 2009  Grupo Educacional Positivo 

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