segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Em busca da genialidade de Suassuna


Em meio a um mar de bolinhas de papéis amassados, tentando rascunhar um soneto, já quase finalmente na última estrofe comecei a pensar como se forma um gênio das letras e da criação. 
Será que esses também se perdem no mar de tentativas da escrita perfeita que passa os simples mortais? Ou abençoados pelos deuses a inspiração sempre os seguiram?
Diante da curiosidade e sabendo da presença de um gênio da criatividade em Curitiba, resolvi bisbilhotar os detalhes da biografia do escritor e dramaturgo Ariano Suassuna. Imediatamente me perdi entre os livros nada organizados da minha estante em busca de uma boa literatura sobre o gênio do teatro. 
Se minha dúvida era como tanta criatividade vai parar numa só mente, nada melhor que Suassuna para me trazer a resposta.
Sua obra é estritamente ligada à cultura brasileira, com um toque da presença da literatura de cordel pincelando o nordeste brasileiro nos seus textos. Autor de obras memoráveis como “Uma mulher vestida de sol”, “Romance d’a pedra do reino e o príncipe de Sangue do Vai-e-Volta”, o Auto da Compadecida entre outros. Suassuma é um gênio da criação passeando por várias artes é dramaturgo, poeta, ensaísta e romancista.
Criador do movimento Armorial lançado em 1970 propõe uma arte brasileira erudita, com raízes populares. Divulgando por meio de aulas espetáculos que ele com sua base de professor de estética leva a várias cidades mostrando dança, canto, teatro, literatura e música.
Seguindo minha teoria de que os deuses tem papel fundamental nisso conclui que tudo começou na Paraíba, mas precisamente no dia 16 de junho de 1927 quando nasceu Ariano Suasuna na então Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa. Mas, menos de um ano depois o futuro gênio passou a morar no interior do sertão, berço das referências folclóricas em seus textos. Aos 12 anos já saia o primeiro conto. Percebi aí uma boa pista, que fez começar a duvidar que a genialidade viesse simplesmente de uma estrela cadente que selou o seu destino no seu nascimento.
Numa entrevista à revista Discutindo Literatura (15) Suassuna revela que seu sonho quando criança era ser palhaço. Impedido pelos pais de seguir seu sonho resolveu inventar seu próprio circo. 
Anotei então, mais uma pista, seriam então os nossos sonhos contidos que invocariam o gênio adormecido em cada um de nós?
Suas referências para criação foram Euclides da Cunha, Skakespeare e García Lorca. O tempo em sua infância era dividido entre estas leituras e o olhar atento aos espetáculos populares encenados na cidade de Taperoá. Tempos em que teve o primeiro contato com os mamulengos, os violeiros e os cordelistas.
Durante a investigação me deparo com o seu discurso de posse na Academia Brasileira de Letras. Ali o gênio se mostra mesmo o herói sertanejo tão bem retratado por Euclides da Cunha. Suassuna expõe em seu discurso que refez o texto, pois não queria se mostrar emotivo “... Em algumas ocasiões lanço mão do riso para me defender, porque, como sertanejo, não gosto de ser visto dominado pela emoção. Assim, desisti de um primeiro discurso que cheguei a escrever. Ele penetrava de tal modo nas zonas de sombra da minha vida que eu não teria coragem para resistir à sua leitura” , afirmava o gênio.
Suassuna perdeu o pai aos três anos na Revolução de 30. O pai era apaixonado pelo sertão. Voltando a reportagem da revista Discutindo Literatura observo que a repórter destacou o trecho do discurso de Suassuna em que ele declara que é ainda o mesmo menino que passou o resto da vida tentando protestar contra a morte do pai através do que faz e do que escreve, oferecendo-lhe uma precária (sic) compensação e, ao mesmo tempo, buscando recuperar sua imagem, através da lembrança e do depoimento dos outros.
Pego as minhas anotações e deixo registrado mais uma pista: O intenso amor pelo pai que não conviveu seria mais uma alavanca para a sua criação. O amor é força, surja ele em qualquer circunstância.
Preocupada com o espaço para mais análises percebi que cheguei num ponto importante, talvez o amor pelo que se faz seja a força motriz para a criação genial. E para os que têm sede de informações vai umas dicas de leitura do próprio gênio que talvez seja também os degraus para a criação perfeita.
Leituras Obrigatórias por Ariano Suassuna
Fonte: Revista Discutindo Literatura nº 15
Literatura Internacional:
Cervantes – Dom Quixote
Dostoievski – Os Irmãos Karamazov
Shakespeare – Hamlet

Literatura Nacional
Machado de Assis – Quincas Borba
Euclides da Cunha – Os Sertões
Jorge de Lima – Jorge de Lima

Coluna Literatura - Jornal Lona - Universidade Positivo 

0 comentários:

Dí lo que piensas...