Em meio a um mar de
bolinhas de papéis amassados, tentando rascunhar um soneto, já quase finalmente
na última estrofe comecei a pensar como se forma um gênio das letras e da
criação.
Será que esses também se perdem no mar de tentativas da escrita
perfeita que passa os simples mortais? Ou abençoados pelos deuses a inspiração
sempre os seguiram?
Diante da curiosidade e
sabendo da presença de um gênio da criatividade em Curitiba, resolvi bisbilhotar
os detalhes da biografia do escritor e dramaturgo Ariano Suassuna.
Imediatamente me perdi entre os livros nada organizados da minha estante em
busca de uma boa literatura sobre o gênio do teatro.
Se minha dúvida era como
tanta criatividade vai parar numa só mente, nada melhor que Suassuna para me
trazer a resposta.
Sua obra é estritamente
ligada à cultura brasileira, com um toque da presença da literatura de cordel
pincelando o nordeste brasileiro nos seus textos. Autor de obras memoráveis
como “Uma mulher vestida de sol”, “Romance d’a pedra do reino e o príncipe de
Sangue do Vai-e-Volta”, o Auto da Compadecida entre outros. Suassuma é um gênio
da criação passeando por várias artes é dramaturgo, poeta, ensaísta e
romancista.
Criador do movimento
Armorial lançado em 1970 propõe uma arte brasileira erudita, com raízes
populares. Divulgando por meio de aulas espetáculos que ele com sua base de
professor de estética leva a várias cidades mostrando dança, canto, teatro,
literatura e música.
Seguindo minha teoria de
que os deuses tem papel fundamental nisso conclui que tudo começou na Paraíba, mas precisamente no dia 16 de junho de 1927 quando nasceu
Ariano Suasuna na então Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa. Mas, menos
de um ano depois o futuro gênio passou a morar no interior do sertão,
berço das referências folclóricas em seus textos. Aos 12 anos já saia o
primeiro conto. Percebi aí uma boa pista, que fez começar a duvidar que a
genialidade viesse simplesmente de uma estrela cadente que selou o seu destino
no seu nascimento.
Numa entrevista à revista
Discutindo Literatura (15) Suassuna revela que seu sonho quando criança era ser
palhaço. Impedido pelos pais de seguir seu sonho resolveu inventar seu próprio
circo.
Anotei então, mais uma pista, seriam então os nossos sonhos contidos que
invocariam o gênio adormecido em cada um de nós?
Suas referências para
criação foram Euclides da Cunha, Skakespeare e García Lorca. O tempo em sua
infância era dividido entre estas leituras e o olhar atento aos espetáculos
populares encenados na cidade de Taperoá. Tempos em que teve o primeiro contato
com os mamulengos, os violeiros e os cordelistas.
Durante a investigação me
deparo com o seu discurso de posse na Academia Brasileira de Letras. Ali o
gênio se mostra mesmo o herói sertanejo tão bem retratado por Euclides da
Cunha. Suassuna expõe em seu discurso que refez o
texto, pois não queria se mostrar emotivo “... Em algumas ocasiões lanço mão do
riso para me defender, porque, como sertanejo, não gosto de ser visto dominado
pela emoção. Assim, desisti de um primeiro discurso que cheguei a escrever. Ele
penetrava de tal modo nas zonas de sombra da minha vida que eu não teria
coragem para resistir à sua leitura” , afirmava o gênio.
Suassuna perdeu o pai aos
três anos na Revolução de 30. O pai era apaixonado pelo sertão. Voltando a reportagem
da revista Discutindo Literatura observo que a repórter destacou o trecho do
discurso de Suassuna em que ele declara que é ainda o mesmo menino que passou o
resto da vida tentando protestar contra a morte do pai através do que faz e do
que escreve, oferecendo-lhe uma precária (sic) compensação e, ao mesmo tempo,
buscando recuperar sua imagem, através da lembrança e do depoimento dos outros.
Pego as minhas anotações e
deixo registrado mais uma pista: O intenso amor pelo pai que não conviveu seria
mais uma alavanca para a sua criação. O amor é força, surja ele em qualquer
circunstância.
Preocupada com o espaço
para mais análises percebi que cheguei num ponto importante, talvez o amor pelo
que se faz seja a força motriz para a criação genial. E para os que têm sede de
informações vai umas dicas de leitura do próprio gênio que talvez seja também
os degraus para a criação perfeita.
Leituras
Obrigatórias por Ariano Suassuna
Fonte:
Revista Discutindo Literatura nº 15
Literatura Internacional:
Cervantes – Dom Quixote
Dostoievski – Os Irmãos
Karamazov
Shakespeare – Hamlet
Literatura Nacional
Machado de Assis – Quincas
Borba
Euclides da Cunha – Os
Sertões
Jorge de Lima – Jorge de
Lima
Coluna Literatura - Jornal Lona - Universidade Positivo
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